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Tecnologia é bom, mas é só a ferramenta!

“O espírito é o produto superior da matéria” (F. Engels)

O encantamento com a informática vem desde meados de 1995, quando montamos a AS – Hard and SoftwareHouse – Eu Jornalista acabara de fechar a Folha Regional Norte, chateado por fracassar em um jornal de bairro.

Adhemar era administrador de empresas e Tomás, que não tinha diploma superior, era dono do espaço físico, uma salão atrás de um bar arrumadinho demais para o lugar, mas que antes fora, inclusive, a marcenaria dele. Eu era absolutamente ignorante no assunto (e, confesso, continuo atrevido, no máximo).

Adhemar, o único que entendia era programador na linguagem Cobol e estava avançando em outras linguagens. Trouxe consigo, além da experiência, a ideia de retomar antigos clientes com uma reformulação radical nos sistemas que para eles havia desenvolvido e implantado.

Chegou até nós com uma celular, e um lap top que tirou de dentro de seu Honda sport. Pediu um chope, e deixou-me impressionado, mais pelos equipamentos do que pelo carro, que claro, era bem legal, naquela época. Depois apareceu com uma motocicleta Honda 1000 cilindradas. Fiquei convencido. Informática era o negócio! Mas, era caro…

Só tenho minha mão de obra, o que sei fazer, e a minha vontade de aprender!” Adhemar gostou. Então tá, ele disse: “Legal, você vai escrever o manual do novo sistema que estou programando para os técnicos e os diretores das empresas. Quando eu terminar o programa, você ganha o computador que vou comprar para que possa executar o serviço! Primeiro vai ter de aprender a usara máquina!”

E me convidou para irmos até uma empresa que importava os componentes e montava as máquinas. Saí de lá com um incrível 486 com 4 Mega de memória, uma placa de modem 14 kbps, um teclado, um mouse e um monitor de 14 polegadas.

“Mundo, prepare-se!”

Escrevi o manual enquanto aprendi a usar o computador. Fui o primeiro a ter um na família. Adhemar me levava em alguns clientes – Ind. de papel Independência, GessyLever, Aerolíneas Argentinas, Trattoria di Lucca, enfim, empresas de médio e grande portes. Aquilo me animou e cheguei a ganhar algum dinheiro além da máquina, e até comprei uma impressora. Em seguida meus irmãos partiram pra luta, um fez curso de hardware e outro entrou no mundo da programação.

Nenhum foi pra frente de verdade. Éramos curiosos, dispostos, aguerridos, mas aqui no Brasil, e em São Paulo, só isso não basta. É preciso frequentar os lugares certos, com as pessoas certas, os círculos mais cheios de recursos. Não tínhamos nem roupas para aquilo!

Mas, cada um tirou o que pode do aprendizado, fruto de muito atrevimento e buscas. Um dos rapazes montou uma empresa e até avançou com alguns clientes, nas montagens de computadores e redes, físicas e lógicas (embora estas últimas fossem bem básicas; suficientes, eu diria para a época e para aquele nível de clientes).

Carregava cabos, fios, peças, alicates especiais e logo amontoou uma pilha de equipamentos velhos, para trocar peças, consertar, uma oficina mecânica… Péssimo comerciante, mas se tornou um bom profissional de redes lógicas e usuário avançado em configuração de máquinas e plataformas de trabalho. Se virava paralelamente a sua grande paixão – a Música – Mestrado na USP, composições, peças de violão, dissertações, estudos, partituras etc…

Chegou a fazer uma tradução de um software de Música chamado Finale para a língua portuguesa. Um negócio complexo, bonito, feito para músicos profissionais, orquestras etc…O usuário experiente escreve a partitura, ritmo, harmonias, timbres etc, escolhe os instrumentos, clica nos comandos, aperta uns botão e pimba: as folhas saiam impressas e um mp3 toca o resultado: obras primas! Vive no Canadá com a família!

Arte, conhecimento e tecnologia - estruturas da civilização humana!

Outro adentrou na “linguagem” html e criação de sites, designer, cartazes, folders, revistas etc… Os clientes pediam e ele executava: gráficas, agências, restaurantes, se virava enquanto paralelamente avançava no conhecimento de sua grande paixão: a Música. Ambos tocaram muito por aí, em bares, teatros, estúdios, festivais e montaram grupos musicais muito bons, além de fazerem parte de outros.

Tarancón, Mulheres Negras, Terra Mestiça, Rede Globo, Tv Cultura, foram as travessias do caminho mas, assim como na informática, no Brasil e em São Paulo, não é só qualidade e conhecimento que conta. Você tem de conhecer as pessoas certas, frequentar os lugares certos, os círculos mais prenhes de recursos. E ficar muito atento com a maldade, o instinto de sobrevivência e o egoísmo de muita gente. Atualmente, está concluindo um doutorado em Educação Musical em Sta Catarina, com a família!

Bom, eu virei mesmo um jornalista, um Publisher depois de frequentar muitos círculos políticos, culturais, empresariais, e decidir fazer o que sempre gostei – escrever e publicar – mas, o papel se tornou antiecológico, portanto, assumiu um quê de criminoso ou cruel usa-lo para fins menos nobres. Daí que restrito fica, na minha concepção, para ser utilizado em pequenos livros e em umas revistas sazonais, com o melhor que posso apurar em termos de textos sobre Educação, Cultura e Sociedade – algo que gosto muito. Tanto quanto meus irmãos gostam de Música.